terça-feira, abril 25, 2006

O Cravo está a secar

Há 32 anos a ditadura caiu. Tivemos a possibilidade de, pela primeira vez, cortarmos com o passado, de construirmos um país baseado no desejo de progresso e desenvolvimento, de abertura cultural, de investimento na massa cinzenta da população... De tudo isto, o que fizemos? Pouco, muito pouco.
Nos anos seguintes à revolução andámos metidos em guerrilhas ideológicas, estivemos submetidos ao que os outros julgavam que o povo cria. O povo nunca quis um sociedade socialista, o que eles sempre quiseram foi um melhor nível de vida e um melhor futuro para o país. Nacionalizações, reforma agrária e outras medidas cegas só significaram atraso e perda de tempo. Não era isso que a revolução deveria significar. A revolução deveria ter servido para devolver o poder ao povo e não aos que se julgavam defensores do povo. Por isso, o 25 de Abril acaba por ser a data que libertou o país da ditadura mas que não lhe deu a liberdade que ele precisava.
Está na hora de nos deixarmos de saudosismos militantes. Esta data é sempre lembrada pelos revanchistas do PREC, que nos recordam quais eram os ideais de Abril. O que eles não percebem é que Abril não deveria ter ideais, é esse o problema. Este dia já só serve para o regime se auto-congratular e os revanchistas voltarem a desencaixotar a cartilha que o país rejeitou. Já lá vão mais de trinta anos. Já chega.